Às vezes esquecemos o que realmente somos. Por exemplo, esquecemos que somos mamíferos. Isso parece que nos revela algo importante: a nossa dependência em relação a nossa mãe. E isso desde o ventre. Depois vem aquele negócio de andar sobre duas pernas com o auxílio dos nossos pais e dos irmãos maiores. E as primeiras palavras, hein? Papinha, gotoso, come neném pra ficar forte! Imagino o que seria de nós sem essas coisas.
Ouvi outro dia alguém dizer que até depois de morto você precisa de pelo menos quatro pessoas pra carregar o caixão até a sepultura. Mas entre o nascimento e a morte é onde se revela com mais força a nossa dependência em relação aos outros. A grandeza das cidades, os meios de transporte gigantescos, aviões enormes cruzando os céus, aparelhos eletrônicos interligados, e tudo isso porque o conhecimento particular de cada ser humano se junta num todo complexo sem que agente se dê conta de como isso acontece. E é tudo trabalho humano coletivo!
E assim nós continuamos, emergindo e submergindo no mundo, acendendo a luz da consciência que um dia se apaga como a chama de uma vela que se esgota, sem ainda entender bem essa passagem pela existência. Mas o certo é que o nosso estofo mais importante são as relações afetivas que nos animam a desejar viver para sempre.